Musica da Madeira
ENCONTROS DA EIRA.Quando estive pela Madeira em funções musicais, a convite do Grupo Folclórico do Caniçal, apercebi-me de que a grande maioria dos grupos folclóricos da Madeira são muito parecidos com os do Território continental.
Quer dizer: o cuidado com que tratam a música é pouco, muitas vezes é muito pouco.
Estive no festival de folclore mais importante da Madeira, nesse ano em S. Martinho do Funchal, e fiquei impressionado com os meios disponíveis (desde câmaras de televisão a aparelhagem sonora da melhor qualidade), os trajes vistosos (embora de qualidade etnográfica discutível), as danças muito bem representadas, muito boa iluminação, etc. Contudo a riqueza musical não estava presente.
Explico: os grupo tocavam quase sempre os mesmos temas, o acordeão sobrepunha-se a todo o resto (rajões, braguinhas, violas de arame, etc.), os bombos tocavam à balda. Pareciam-se com qualquer grupo folclórico fraco do continente.
Felizmente que o nosso grupo anfitrião (do Caniçal) detinha uma qualidade muito acima da média, pese embora alguns dos defeitos já mencionados.
Obtive duas cassettes VHS dos festivais anteriores e verifiquei que essa era regra.
Aparece-me agora este grupo ENCONTROS DA EIRA (musica da Madeira), num CD facilitado pelo meu amigo Guilherme e eu resolvo ouvi-lo com reservas.
Desde o princípio se nota porque foi o disco mais vendido de um grupo madeirense.
Este trabalho é bom, muito bom e próximo de excelente. Os defeitos já mencionados não existem aqui. O equilíbrio dos instrumentos é bom, musicalmente irrepreensível (não há acordes nem notas fora do sítio), todos os instrumentos bem tocados, vozes afinadas, orquestração muito boa e um ponto importante: usam-se instrumentos tradicionais e aonde se usam os clássicos, tocam-se do jeito tradicional.
Isto é um trabalho exemplar. Do melhor da música Portuguesa (não só da Madeira). Os temas não são os do costume, houve preocupação de divulgar cantigas diferentes, com muito bons arranjos, do ponto de vista musical.
Não sou a melhor autoridade em tradições da Madeira, mas se todos os temas são tradicionais, podemos dizer que se escreveu o primeiro livro do velho testamento da música madeirense.
Vão até ao site encontros da eira ou escrevam encontros da eira no google. Descarreguem os mp3, oiçam-nos e digam-nos se concordam. A seguir, se gostaram, procurem o CD (a música de instrumentos acústicos em mp3 perdem muita qualidade).
Ass. avô mokka


7 Comments:
Plenamente de acordo com a sua analise Avô Mokka. Os grupos folclóricos (nem todos) quase sempre têm pouco cuidado na harmonização das modas, e ficam-se pela tradição que passa de geração em geração sem aprimorar técnicas, quer sejam no manuseamento do instrumento, assim como na interligação entre eles. Mas prefiro a pureza do tradicionalismo popular do que evoluir em novas sonoridades com instrumentos electrificados e que desvirtuem a verdadeira essência da musica popular.
Assim aparecem em alternativa aos chamados ranchos folclóricos, grupos de 'carolas' que mantendo a traça tradicional das modas, são mais evoluídos tècnicamente no tocar dos instrumentos pelos estudos musicais que possuem e por terem também mais conhecimentos e meios técnicos para fazerem boas adpatações e arranjos mais elaborados, que melhorando os temas os não desvirtuem na sua essência.
Da Madeira alèm dos Encontros da Eira, merece a devida atenção os Banda d´Além, os Xarabanda e os Almma.
De facto, no panorama nacional, é aos tais carolas que devemos a maior parte da investigação e divulgação da música tradicional.
Tenho ouvido de alguns puristas, ligados ao folclore, que grupos como a Brigada Victor Jara, Maio Moço, Ronda dos Quatro Caminhos, etc. devirtuam por vezes amúsica tradicional ao introduzir arranjos muito ricos.
Eu penso que é como a história da raposa e das uvas: "estão verdes, não prestam, só os cães as podem tragar".
Primeiro: do que eu conheço destes grupos e de muitos outros do mesmo género e qualidade, há um enorme cuidado em não introduzir elementos que pertençam a outros géneros musicais.
Segundo: tenho também ouvido, ao vivo e em gravações, tocadores tradicionais (os verdadeiros donos da tradição) a tocar coisas de fazer inveja a todos nós.
Terceiro: quando se tocava mal antigamente, não era por opção, mas sim por falta de meios. Se os nossos avós pudessem comprar melhores instrumentos, tocar com microfones, juntar mais tocadores ao grupo, fa-lo-iam de certeza. Tal como o fazemos agora nós.
Penso que, neste sentido, os grupos conceituados do nosso país estão no caminho certos.
Cabe-nos a nós dar-lhes pernas para andar.
ass: avô mokka
Quem vos ouvir até parece que a música pimba é sempre foleira, tocada e tratada por incompetentes e isso não é verdade.
Na música pimba há de tudo. Bons e maus.
Acho que era hora de deixar de usar o rótulo PIMBA para representar uma coisa foleira, bichada, de mau gosto.
Estimado Joca.
Antes de mais, obrigado pela opinião.
Devo retratar-me num ponto: concordo que há muita música Pimba tratada com grande qualidade de som e com muito dinheiro envolvido. Como sabemos é o género que mais dinheiro movimenta no mundo (com o nome de MUSICA LIGEIRA).
Não entendamos que a música Pimba é sempre de fraca qualidade na execução e no tratamento de som, o que nos acabamos por habituar a considerá-la um género menor é o facto de se dedicar essencialmente ao sucesso comercial imediato e passar para terceiro plano a transcendência que constitui qualquer forma de arte.
A música pimba é fácil de ouvir, agradável ao ouvido menos treinado, por vezes até bem orquestrada, bem elaborada e quase sempre bem tocada. E a maioria das pessoas prefere-a.
Agora quem, como nós, sabe que conseguimos fazer uma cantiga de música pimba em 8 minutos e que precisamos de dois anos para fazer 12 cantigas de jeito, a comparação é astronómicamente evidente.
A fórmula da música pimba é conhecida de qualquer músico decente e fácil de desenvolver.
Agora o enorme mercado que ela representa e as possibilidades de promoção que tem, são imbatíveis. Qualquer editora lhe dirá (e parece-me que o meu amigo está em posição de o saber) que a sua clientela é entre 90 a 100% pimba. Basta consultar o site das editoras para ter uma ideia.
Em resumo: a música pimba tem realmente tudo o que a outra música tem, excepto a possibilidade de satizfazer o gosto dos melómanos que, embora poucos, se dispõe a pagar muito pela arte. Como aliás sempre acontece.
Permita-me uma comparação:
O êxito do MacDonalds comparado com os quase desconhecidos bifes do Salva-Almas (restaurante tradicional em Covas do Rio, S. Pedro do Sul).
The Last Single Rainha dos Mares - http://rapidshare.com/files/110534202/Single_2008_-_Encontros_da_Eira-_Rainha_dos_Mares.rar.html
The next CD - Nov 2008
avo moka discordo plenamente consigo desculpe perguntar mas em ke ano foi isso
eu sou do grupo folclorico de sao martinho e o nosso grupo n e nada assim nos participamos no festival de folclore de sao martinho porque somos la da freguesia e temos 8 pares a bailar 2 acordeoes 1 harmonica 2rajoes 1 violino 1 cavaquinho 2 ferrinhos 1 pandeireta 1as castanholas 1 brinhquinho 1 bombo 1 reqe reqe
na madeira os grupos nunca sao tao grandes como no continente porque a madeira e mais pequena olhe veja de novo esses vhs e diga algo em manel-sena.@hotmail.com
A propósito do post do Manuel Sena:
Amigo Manuel, não entenda com isto que o trabalho etnográfico dos grupos madeirenses que conheço, seja um mau trabalho. Nada disso. Estamos apenas a falar do tratamento da vertente musical e que fique bem claro que o folclore da Madeira não fica a dever nada ao do continente (se calhar até fica a ganhar). Apenas fica a perder com os Açores aonde há um entusiasmo muito grande pelas modinhas antigas e que são muito trabalhadas e muito bem tocadas. Se nos compararmos (tanto vocês madeirenses, como nós continentais) com os açorianos, lamento constatar que eles são melhores que nós, nesse aspecto.
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